sim, o calor. en cima, afónica. não posso nem reclamar em voz alta. melhor não reclamar at all. até porque com essa dica da vero, eu teria duas opções: reclamar de tudo - e eu não sou francesa para chegar a tanto - ou achar que minha vida é uma maravilha. hmm, é uma solução demasiado cartesiana...
desculpem as mezclas de idioma, mas eu gosto. tem gente que não, mas duvido que passem muito por aqui.
vai ver o verão tira o clima para poesia. pelo menos se não estamos na beira da praia. a verdade é que nem os dias na beira do mar tèm sido muito poéticos. mais música que poesia. e às vezes as duas coisas são, sim, incompatíveis. outras vezes, não são.
já sei: é como se a poesia dos dias primaveris, que esse ano não foram de muita chuva, tivesse sido engolida pela ola de calor grudento. a poesia tá grudada nas nuvens. e se não chove ela não tem como se soltar de lá. é mais ou menos isso, e não tenho inetnção de ser poética. até a prosa fica prejudicada: só se fala no calor.
elvira lindo tem uma coluna pequena no el país, mas em geral sabe aproveitar o espaço. ontem, bajo el título "que feo", disse muito. que a espanha é um país conservador ninguém duvida, mas tão aí almodovar e amenábar pra mostrar que não é (só) isso que identifica esse país hoy día. porém aconteceu o que poucos imaginavam que ainda poderia acontecer: uma manifestação multitudinária, de caráter (quase) "fachista", contra os direitos adquiridos por gays e lesbianas com a modificação do código civil. segundo a amiga semi-judia que se disfarçou de religiosa para ver de perto a aberração moralista da igreja e da direita espanhola: "me senti como judia em plena alemanha nazi". pois é, franco ainda vive nos corações de alguma gente, e isso dá pena.
por sorte, no que hoje é um espaço público expandido, essas manifestações convivem com coisas como o ptqk , onde se encontra, por exemplo, a "guía para la transformación social en euromovements, una guia de investigacion activista y un intento de archivo y sistematización de la información y el concocimiento generado per el reciente ciclo de confluencia de los movimientos sociales en Europa, prestando particular atención al proceso de del Forum Social Europeo y sus espacios paralelos."
emir sader faz uma leitura política, e de esquerda, para o que será assunto preferencial na próxima campanha eleitoral brasileira: quem quer abolir direita e esquerda é de direita. quem reduz a luta política à luta contra a corrupção é de direita. e quem reproduz a corrupção e a privatização da política não é de esquerda: é de direita.
em madrid, a direita se manifesta contra o casamento entre homossexuais e a adoção de crianças por casais de gays ou lésbicas. m. e l. deixam a filha de 8 anos com uma amiga e vão conferir o preconceito de perto, infiltradas como heteros numa caravana conservadora que sai de barcelona na madrugada de sábado. e vão contar tudo na volta. é uma manifestação histórica, segundo a igreja, já que as bodas gays são "lo más grave en 2000 años" de existência da instituição. los obiispos de catalunya, geralmente situados mais à esquerda, alegam compromissos prévios para não acudir ao mitin.
a outra científica do dia diz que quando o pai fuma, há mais chances de que o bebê seja menina. mulher fumante não determina nada. a equipe do instituto valenciano de fertilidade explicou que os espermatozóides que carregam o x correm mais rápido que os que carregam o y nessa circunstância. outras pesquisas também revelaram que as mulheres fumam mais que os homens, temos mais dificuldades para parar de fumar, e somos o alvo preferido dos fabricantes de cigarros. a dedução pode soar esdrúxula, mas não é completamente absurda, nem nova: o cigarro gera mais prováveis fumantes. o ivi também averigua "si otros agentes contaminadores en países industrializados puede marcar diferencias en el sexo de los bebés".
mais uma pro caminho. amanhã eu já estou quase boa. até lá, vou revirar os olhinhos e perguntar mil vezes: e agora, fernanda? às vezes sou obsessiva com minhas próprias decisões e em chamo pelo meu próprio nome, sem sobrenome. parece que a ansiedade de ontem era uma prévia. ou simplesmente porque esses momentos são feitos sob medida.
depois de dias escutando sem parar, descubro que belle chase hotel não existe mais. mas alguns dos seus integrantes, incluindo a voz e as letras de j.p. simões, seguem na ativa como o quinteto tati. acho que só eu não tinha me dado conta que a melodia e a picardia eram as mesmas:
naquela praça suja com merda de pombo patrulhada pelo sexo ele chega às quatro polindo o sapato para vender o seu amplexo e os homens passam notam seu bigode mas na coxa se estravasam
veio sua amiga a loira josé convidando pró café e ao segundo brandy já josé se expande esboroando o seu baton
amanhã não estaremos aquí veja se bebe um pouco e sórri e tira esses olhos do chão o futuro é lindo eu já vi o avião vai direto para lá vamos embora dessa aflição
e manoel morena tomou seus calmantes por causa do joanetes e disse cansado que estava assustado pois nunca tinha voado e se um acidente se o passaporte será que não sentes o medo da morte me dá um cigarro me dói a cabeça para quê tanta pressa? e a depilação?
amanhã não estaremos aquí veja se bebe um pouco e sórri e tira esses olhos do chão o futuro é lindo eu já vi o avião vai direto para lá vamos embora dessa aflição
no dia seguinte num canto da praça quem passou podia ver duas prostitutas tão deselegantes acenando para você
Jeanne Dielman, 23 Quai du Commerce, 1080 Bruxelles faz jus ao tamanho do título. em vários sentidos. os mais de 200 minutos terminam com poucos piscares de olhos. fuerte é um adjetivo batido para definir em uma palavra esse clássico do cinema feminino e feminista. com poucas dúvidas, a interpretação de delphine seyrig foi a fonte de inspiração para julianne moore construir sua dona de casa em las horas.
ivan e ivonne lamentaram não ter estado na sala de exibição este dia. ele hoje embarcou para o rio para apresentar sua versão posmo de adán y eva, todavia, e quem estiver lá para ver vai entender. falamos sobre feminismos e contemplação, e concordamos que chantal akerman é uma maestra na conjugação das duas coisas: consegue ser feminista e fazer filmes contemplativos a la vez, e sem ser chata.
hoje me encontro de novo com belkis vega. dessa vez para ver viviendo al límite. e na seqüência, emendo com countdown. e depois vou pra casa ver a duda, que acaba de desembarcar.
em meios aos comentários do dudu sobre relatividade, o relax dos japoneses e o zorro de isabel allende (exagerei) me encontro com argumentos para a conversa de ontem à noite. a intuição nos levou à conclusão que o new york times apresenta com dados. uau.
tudo começou com p. e m. detalhando as festas de hip hop no bar em que eles trabalham. onde se consomem garrafas de veuve clicqot como se fosse água e se exibem correntes e dentes de ouro e diamantes. foi aí que começamos a conversa. mas terminou longe.
me divirto montando e apagando e montando listas de novo para o regalo que veio do outro lado do hemisferio norte mientras deveria estar relendo um artigo que tenho que entregar pra um professor que voltou para o sul da américa. no pasa nada: o final de semana tampouco seguiu os planos, e foi melhor assim. e hoje já é terça - nem vi a segunda passar.
a biblioteca nos proporciona os sonhadores para o final de semana. e o calor invita a la platja. mas antes enfrentaremos a ronda de sant antoni. pra poder ver os sonhadores logo mais.
jordi la banda é outro uruguayo chulo. ilustrador, virou business man, com seus desenhos estampados em produtos de marcas. é bom, mas pretensioso. "não tenho colegas de profissão", "antes de mim ninguém sabia o que era um ilustrador". e antes de voltar ao país natal, diz que iria ao brasil. "é um país que me atrai".
um quilo de albaricoques, já que é época. são pequeninos, bons pra improvisar um piquinique. ou pra suco. com menta? as cerejas não vieram pra casa hoje. o preço dobrou da semana passada, e semana que vem deve cair pela metade outra vez. é quando estão mais doces.