sem conseguir mais manter os níveis de seratonina, me convierto outra vez em mulher triste que sorri e chora ao mesmo tempo: suspiro minha melancolia em tom de fado.
uma viagem de 12 horas de ida e 13 horas de volta, num final de semana. salamanca merece la pena, mas não volto a repetir a dose. melhor pegar um trem a madrid e de lá à terra dos dominicanos na espanha, serão cinco horas menos de trilhos. a volta teve fotos, em breve por aqui. o trem era da época de franco, literalmente, e éramos seis em uma cabine com literas, es decir, beliches. quatro desconhecidos, como num albergue. não preciso dizer que passamos a maior parte do tempo no bar, os seis: eva e eu com cervejas, a família de mãe, dois filhos adolescentes e a namorada do mais velho acompanhados de larios e whisky com coca-cola. chegamos um pouco mais cedo que eles, e tínhamos as camas de cima, no terceiro andar.
aí pelas duas da manhã, a polícia conseguiu expulsar todo mundo que ainda estava dentro, numa festa que deveria durar cinco dias.
não muito longe dali, mambo [momento. autonomo. de mujeres. y bolleras. osadas] abre oficialmente hoje. okupado há seis meses, é onde às quintas-feiras as girls who like porno realizam seus workhops. a notificação de desalojo não intimidou.
fiz uma coletanea de novos links para atualizar minha vidinha online. mas tom waits na radio me invita a acender um cigarro.
polígono sur, el arte de las tres mil foi premio goya y la gran sorpresa do festival de berlin de 2003. através de personagens reais, e mais que rais, verdadeiros, dominique abel mostra a vida gitana e cotidiana que faz do conjunto habitacional tres mil viviendas no bairro triana de sevilla, um lugar desses onde o mundo perde todos os limites. polígonos são a versão española das favelas e dos banlieus: espaços urbanos de pretenso confinamento da pobreza, onde temas clichês como drogas, sexo e rock and roll -nesse caso, drogas, sexismo e flamenco- revelam sua potencia discursiva, atualizada e algumas vezes reivindicativa. a rádio vai a cadiz, sevilla e brasil, marcando meu ritmo de atenção. com déficits.
tenho muitos déficits ultimamente. jorge, que não escreve mais, me ajuda a manter a seratonina em seus níveis aceitáveis, o que compensa uma possível falta de litium (e minha hipocondria). de qualquer maneira, outra vez me sinto daquele jeito. perco o fio da meada, se me va la olla.