terminou ontem a exposição la dona, metamorfosi de la modernitat, na fundação miró. tendo como ponto de partida os anos 20, a mostra apresentava obras de homens e mulheres, e o pano de fundo era, é óbvio, a identidade feminina na arte - desde si e desde os outros. cinco itens marcavam o recorrido - autorrepresentação com máscara e identidade sexuada, redução do outro-mulher em um mundo masculino, o arquétipo feminino: contracultura e integração das origens no presente, o nu feminino ou o prazer de criar, a arte em busca de um imaginário feminino. sim, acho que todos os grandes - em masculino e feminino - estavam ali.
das frases espalhadas em meio a pinturas, esculturas e instalações, fiquei com duas, ambas de homens:
miró: lo que denomino mujer no es la creatura mujer. es un universo. picasso: no hi ha diferència entre el arte i el erotisme.
e um terceiro homem sintetizou, para mim, o universo que viu miró e o erotismo que impregnava picasso: sanyu pinta a mulher como um universo erótico. suspenso sobre sedas chinesas, seu desenho é transparente, óleo e aquarela e nankin.
jonathan hay escreveu sobre ele para uma mostra no musée des arts asiatiques guimet: a cosmopolitan from first to last, sanyu never felt the need to conceal his chinese sensibility, taking the heterogeneity of of his identity as given. his is the rare practice of painting that approaches visualization of a truly intercultural belonging, for few artists have been so comfortable in their attachment to the in-between.
pra me agradar desse jeito só podia ser um sujeito que construiu sua identidade desfrutando conscientemente da alteridade.