um escrito escondido que se publica sem culpa nem medo. me deshago do que não gosto, busco e encontro o que sí. e nesse caminho vou por aí meio perdida, topando coisas que não sei. penso em começar um texto e começo outro, se é que me explico. oito da tarde, passeio até a fruteira. a naturaleza viva. somos atendidos pelo menino alto que já nos conhece e que conquista. igualzinho ao pai, que prepara magistralmente um sanduíche de abobrinhas com tomate e cebolinha tierna de dar água na boca. têm coisas que os outros não têm: rúcula, manjericão, perinhas de são joão rosadas, abobrinha zuchini em flor, tomates dulces e tomates verdes e grandes e pequenos também. compramos sempre dos vermells, ótimos para pan amb tomaquets e uma salada com muito molho. hoje trouxemos además de uma pequeño manojo de rúculas, dois prèssecs amarelos, bananas maduras e os indefectíveis tomates, aliás, os que nos fizeram sair de casa a por ellos. na fruteira mais hermosa da barceloneta muita coisa parece orgânica: pequenas, concentradas - tipo, rúculas são picantes e peras são crocantes. a língua preferencial é o catalão, na música tem bossa nova e às vezes escapam umas palavras em português: vaicundeux. merece um texto, com foto e tudo. jorge prepara a cena, com mesa puesta e tudo, mientras eu me (des) conecto. precisaria desconectar de verdade e luego: o cheiro do chá! o chá é de outro achado, esse no born. uma loja do século passado que ainda conserva móveis e se mantém entre a família. vai além: conserva, posso averiguar se em funcionamento e para quê, um forno da época em que havia torraders em barcelona. esse chá é da pequena seleção vendida ali: verde com pèssego e maracujá, de olor fresco e intenso a la vez. para tomar frio, à tarde. merecia um texto, o chá. e outro a loja. e outros tantos os produtos todos, ou quase.