enquanto esperam ser julgadas, gitanas falam de casamento, virgindade e tragos. cantam celebrando um dia diferente, um dia com microfones semi-abertos na sala de aula de informática. lola diz que quer casar virgem e como outras companheiras gitanas leva um terço branco no pescoço. na ucrania, conta marlene, as mulheres se casam por dinheiro, e casamento tem que ter limousine. seu marido está preso na espanha também: especialista em joalherias. no brasil, diz maria, o que importa é o amor. quando chega a sua vez, tenta fazer uma denuncia: com três filhos, está presa por tráfico de drogas, como 98% das 180 internas, e se sente discriminada pelo sistema carcelário espanhol. ganha 3 euros por semana e manda tudo para casa. é calada pela música das colegas: o tempo é escasso e o tema em discussão é a autoestima. pedem que a canção seja mulher de 40. abraçada a memórias de uma gueixa, uma das rumanas prefere calar. ao final das duas horas, a temida câmera de fotos acaba virando a grande atração: caras e bocas ajudam a se sentir melhor.