exposições fotográficas se converteram na atividade cultural favorita dos últimos meses. desde janeiro, estão as duas de pierre gonnord. fracês radicado em madrid há 15 anos, ele apresenta na casa ásia seus retratos asiáticos até o dia 16 de abril, e no instituto francês, até hoje, outra série de seu work in progress. as imagens impressionam (são de metro e meio, literalmente). o vídeo que acompanha a exposição asiática narra seu processo de trabalho e revela um tipo desses tão interessantes que se dedicam a buscar-se na alteridade: "me pregunto qué hay de los demás en mi y qué hay de mi en los demás" é uma das frases que eu anotei no canto da página que justifica a mostra. segundo jesús, que recolheu outros apuntes, o trabalho de pierre (que é irmão da marie gonnord), "eleva seus e suas modelos à categoria de aristocracia ocidental". não sei se é uma "elevação", mas é certo que o formato 3x4 e a estética neobarroca é sim claramente limial/liminal/limítrofe. não poderia ser diferente: seu autor (buscar apuntes sobre a genialidade na obra de arte) é francês, e sua mirada não foi orientalizada pelo tempo de dois anos vividos no japão. os retratos das gueixas (com x ou com ch?) são quase fotogramas de um filme de wong kar wai.
na caixa forum, o tema é outro. nova york, anos 70, e a mirada que diane arbus construiu sobre os e as habitantes de nova york. es un mundo freak, e ela nunca ocultou isso. seus aristocratas eram eles: "freaks were born with their trauma. they've already passed their test in life. they're aristocrats". a exposição é uma mostra bastante completa da sua obra, e inclui uma sala que reproduz as estantes do seu estudio com alguns dos seus livros favoritos e as duas câmeras que utilizou durante toda a sua vida: uma 35 mm e uma roleiflex. ao contrario de gonnord, arbus acreditou que "é impossível sair da sua pele e entrar na de outro".