na alemanha, dar um presente de mais de 35 ? a um cliente pode dar cadeia. para não ser considerado suborno, ambas as partes precisam fazer uma declaração dos impostos e justificar o regalo. tampouco se pode pagar para que um especialista ou um jornalista assista a uma conferência de apresentação de um novo produto. um empresário de lá me disse que ninguém se arrisca. já com os parceiros brasileiros a coisa funciona diferente. os distribuidores dessa empresa chegam a pedir presentes para seus clientes, e alguns especialistas só assistem às conferências com tudo pago. o resultado, me dizia, é que no brasil os produtos da sua empresa, dedicada à saúde, saem muito mais caros para o cliente final, que nesse caso será o paciente, o sus e, conseqüentemente, o contribuinte, do que na alemanha. todos os podres que estão vindo à tona seguem a mesma lógica, percebida de fora como "cultural". vaya cultura essa que inventamos!
ya no te veo. repita isso como um mantra e apague todas as possibilidades. a luz também, antes de fechar a porta.
depois de recuperar minha mirada recupero também a música que me acompanha nas andanças solitárias em cima da bicicleta. nem tudo é verdade, nem tudo é mentira. pero num dia que cumplen años duas amigas queridas, vive la fete.
das cousas guardadas em outras gavetas: o sol das 11 estava ficando forte para meu suco de laranja. me despedi com um aperto de mão e um que le vaya bien, retribuído com um elogio andaluz. na fundação, uma exposição me contaria as origens chinesas do art nouveau se eu estivesse disposta a prestar atenção ou a pagar 3 ? para ter mais concentração. mas alguns quadros valeram essa primeira e distraída visita.
que pasa neeeenng! veja você que não é preciso ver tv para saber que se passa nela. mas gisele bündchen esteve aqui e eu só soube no dia seguinte, o que pode ser uma lástima. haha. a moça ocupa todas as portadas locais hoje, com exceção da do la vanguardia, e lamentou não poder ficar para as festas de la mercè. "During this week," diz o chair co-ordinator of eurospine 2005, "Barcelona ?dresses in Sunday best?, and numerous events of popular and artistic nature take place indoors as well as in the open air. The result is an almost magic week of celebrations". pues nada, isso não é nada. se o o diretor do que, pelo menos aqui e agora, parece ser "o" filme do ano, disse (várias vezes) que só aqui poderia ter conseguido, em um dia de ensaios, a cena perfeita. com 700 figurantes, ou seja, barata, é a glória de qualquer produtor.
enfim. o que está passando com o mozilla? ou seria melhor perguntar isso ao blogger? sei que tenho tido problemas - alguém mais?
puta noite mal dormida. no trem, me encontro com neus, que me disse o mesmo. é a lua, posso pensar que é a lua. seguro que é a lua. e os vizinhos com sua música na hora do meu sono. e europa, que também enfatizava a lua cheia.
o melhor de dear wendy até agora ainda é a banda sonora. puro zombies, canções ouvidas e nunca antes registradas (eu tenho um problema com registros de músicas e nomes). mas talvez eu esteja exagerando.
deixo os papéis na mesa por mais uma manhã e fumo meu cigarro matinal, acompanhado da leitura de sempre. la contra de hoje me conta uma história que faz tempo tento entender. é uma história tonta, uma anedota no meio da entrevista, mas enfim. num prédio do raval, ali perto do cccb e ao lado da air, os passantes atentos podem ler numa placa algo como "aqui se inventou o yogurte danone". sempre me soou raro. mais raro ainda resultou descobrir hoje a origem da empresa, fundada pelo pai do cineasta catalão pere portabella: "antes de la guerra llegó a Barcelona desde Salónica un médico sefardí, Isaac Carasso, que hacía yogur y lo daba a sus pacientes como medicina. Tenía un hijito llamado Daniel, al que él llamaba Danone... Y después de la guerra, Daniel y mi padre constituyeron jurídicamente aquí la empresa Danone. Y el Ayuntamiento ratificó sus propiedades medicinales, puesto que al principio se vendía sólo en las farmacias."
o outono vai chegando devagarinho. abrigos e bufandas em breve saem do armário outra vez. e estaremos cada vez mais encapuchados, até enjoar de novo e querer calor. é por isso que gosto desses momentos de cambio: é tudo novo, mesmo que seja igual a todos os anos.
e os cheiros também mudam. tem os de sempre, claro, mas cada estação tem seu cheiro particular. o do outono tem cor de céu azul e toques de vento frio.
na sexta dei minha primeira charla. desde castellón de la plana, foi transmitida en directo ao mundo por radio paca. o tema eramos nosotras. segui o texto até onde foi possível, mas num determinado momento soltei os estribos e me aventurei a falar sem roteiro. e terminar e olhar as caras de entusiasmo da platéia foi a melhor parte. em breve, o archivo estará no ar.
vivir en una casa de cristal es la virtud revolucionaria par excellence. es una ebriedad, un exhibicionismo moral que necesitamos mucho.
o eterno retorno me devolve a benjamin (imaginación y sociedad, taurus, prólogo, traducción y notas de jesús aguirre) e a calvino (as cidades invisíveis, cia das letras, tradução de diogo mainardi). do ítalo, posso dizer que conheci a essência de cloé, cidade em "contínua vibração luxuriosa".
assim, entre aqueles que por acaso procuram abrigo da chuva sob o pórtico, ou aglomeram-se sob uma tenda do bazar, ou param para ouvir a banda na praça, consumam-se encontros, seduções, abraços, orgias, sem que se troque uma palavra, sem que se toque um dedo, quase sem levantar os olhos. existe uma contínua vibração luxuriosa em cloé, a mais casta das cidades. se os homens e as mulheres começassem a viver os seus sonhos efêmeros, todos os fantasmas se tornariam reais e começaria uma história de perseguições, de ficções, de desentendimentos, de choques, de opressões, e o carrossel das fantasias teria fim. [as cidades e as trocas 2]
chovia -um reflexo do katrina passava por sitges, disseram- e estávamos apinhados debaixo das marquizes, em trânsito e na espera. aparentemente não havia muito mais o que fazer, mas seguiamos embriagados. profanamente iluminados, diria benjamin. refletindo a calma e a furia do temporal que seguia retumbando. ritmo.
en tales movimientos hay siempre un instante en que la tensión original de la sociedad secreta tiene que explotar en la lucha objetiva, profana por el poder y el dominio, o de lo contrario se transformará y se desmoronará como manifestación pública. (benjamin, sobre o surrealismo, em el surrealismo, la última instantánea de la inteligencia europea. die literarische welt, 1929. en febrero de este mismo año, a gerhard scholem le escribe: "...<>, un biombo opaco ante el trabajo sobre los passage)."
o jogo trotsko consiste em uma "destrucción dialética" com o objetivo de "ganar las fuerzas de la ebriedad para la revolución(...): ¿cuáles son los presupuestos de la revolución? ¿la modificación de la actitud interna o la de las circunstancias exteriores? esta es la pregunta cardinal que determina la relación de política y moral y que no tolera paliativo alguno." para benjamin, o surrealismo se aproximou assim mais e mais da resposta comunista.
sigo com benjamin. na sexta, conhecerei castellón.
na primeira noite, bailamos a tarantela. com passos ensaiados, cuidando detalhes como manter os braços erguidos, os saltos precisos e sem parar, e agüentando um figurino outono-inverno do século 18. de dentro para fora: uma camisola amarelada, espartilho ajustadíssimo, culote, uma saia de edredon, outra de algogão, bolero de lã, um chapeuzinho de pano, meias grossas, sapato gasto mas com saltinho. a praça esburacada e polvorienta, o boneco gigante de troncos ardendo uma e outra vez, no ritmo da música ao vivo, até queimar por completo ao final das 13 horas de rodagem, com pausas intermináveis para ajustes de luz, ajustes de perucas e roupas e manchas de pele, algmas delas demasiado reais, como os dentes cheios de sarro. sorríamos, porque segundo a história celebravamos o alarme falso de que haviam atrapado o assassino dos crimes mais atrozes de grasse. foi a cena mais dura até agora, a primeira de duas em que participei como mulher de classe média. na noite de ontem, o ritmo era outro. entre cansados e feridos, estivemos cara a cara com o "monstro", e gritávamo com as forças que sobravam palavras inventadas e raivosas. ao final da última toma, um italiano que estava na minha frente se virou pra mim: nossa, você gritava em italiano, mas eu não entendia nada! que dialeto era?
a professora de baile, norte-americana, me garantiu que a tarantela era bailada pelos campesinos da provença nessa época. faz sentido, já que o sul da frança nessa parte fronteiriça com a itália e próxima do mar deveria fazer parte de um reino que depois se dividiu. me faltam lições de história para saber qual era. mas outras tradições, como as técnicas perfumistas, também migravam pela mesma fronteira. n´o perfume, o livro de patrick süskind, o maestro de grenouille em paris se chama baldini.