khalam é de bangladesh e tem um döner kebap na esquina da carrer d´en robador com a sant josep oriol. o vip, assim se chama o local, é literalmente uma esquina envidraçada de onde se tem uma visão privilegiada dos negócios que estabelecidos no bairro: prostituição, tráfico e o inevitável comércio de objetos roubados. a polícia, agora com um efetivo de mais de 5 mil mossos nas ruas, realizou 3 visitas durante as três horas em que estávamos comendo aí, no último sábado. a prostituição é tradicional nessa rua, e as meninas respeitam um horário; além disso estão discutindo a legalização da profissão, que certamente interessa aos empresários e ao governo local. como zona de tráfico, não é das piores, mas está dentro de um bairro que tem duas narcosalas e não convém gerar alarme social. e o negócio de objetos roubados e reciclados -os gitanos locais vivem tradicionalmente de vender sucata, e algo de roupa também- é o que realmente quebra a rotina: mesinhas e brinquedos velhos -alguns assustadores- fazem de fachada para os que passam com bicicletas e telefones celulares, exibindo a mercadoria quente; chega a polícia, o pessoal dispersa, esconde a mercadoria no lixo, e quando os mossos se vão a esquina é retomada novamente. a comida era especial para "as chicas da rádio", e khalam se decepcionou porque comemos muito pouco. o falafel estava um pouco seco, tive que confessar, e ele aproveitou pra dizer que eu deveria voltar mais vezes. "que te gusta comer? yo lo hago!". a máquina de café também está para chegar. caminhamos uma quadra para o trifásico de coñac mais tradicional da rambla do raval.