alain touraine esteve em barcelona uma semana antes da cumbre euromediterranea -que desgraciadamente mobiliza hoje mais policiais que cidadãos nas ruas desta cidade condal. o diretor de estudos da ecole des hautes etudes en sciences sociales veio apresentar seu novo livro, un nuevo paradigma para entender el mundo de hoy. a discussão não pdoeria cair em outro tema: as revoltas nas banlieues de paris. o novo paradigma que touraine propõe para se pensar a sociedade é a cultura, que ele articula assim com a realidade imediata: "Lo que pasa en París corresponde bastante bien a este fin de lo social. Hasta mediados del XIX hablábamos en términos políticos: paz y guerra, orden y desorden. Eran las categorías que estructuraban nuestra visión y nuestra práctica. Luego durante siglo y medio hemos representado y organizado nuestra existencia en términos económico-sociales, un modelo en el que los conceptos eran capital, trabajo, huelgas y mercado. Y todo eso se ha ido abajo, no estamos ya en ese paradigma."
na contra de hoje ele antecipa o tema do próximo livro: as mulheres muçulmanas nas banlieus de paris a partir do movimento ni putes ni soumises.
no último sábado escutamos emitimos a história de uma menina marroquina de tradição muçulmana que durante dois anos foi violentada pelo marido. casada aos 15 anos e contra a sua vontade, veio com ele a barcelona, onde começaram as agressões. aos 17, decidiu dizer basta e o denunciou. o relato dela, valente até a medula, serviu de guión para a nossa ruta, que tratava sobre a violência contra a mulher a partir da perspectiva da imigração. mais que nada, serviu para constatar que a violência doméstica é igual em todas as culturas. as diferenças começam a surgir quando se questiona o papel que a própria cultura joga para justificar ou não a violência do homem sobre a mulher, dentro e fora de casa.
a historia de l. foi intercalada com uma entrevista que fizemos no dia anterior com a silvia, do coletivo ni putes ni soumisses em barcelona. o movimento surgiu a partir da história de uma mulher francesa que, resumindo, foi violada por ser muçulmana e não levar o véu. não é um caso isolado, desde luego, e denuncia o confronto entre o laicismo francês -que, por exemplo, não admite o véu nas escolas- e o fundamentalismo islâmico -que não admite o contrário. é um movimento feminista mixto. coisa que muita gente ainda não entendeu.