abro meus olhos. a água é limpa também porque a sujeira ficou invísivel. está lá, sempre estará. mas desenvolvemos anticorpos até podermos abrir os olhos. consciente do que não vejo, o esforço para mantê-os abertos será grande. enquanto isso, me espanto e me delicio vendo o que sempre esteve ali.
chegamos cedo. antes de pedir uma taça de vinho, uma mensagem convida para uma garrafa. o show ainda não começou. vamos e voltamos quando outra mensagem nos chama. a casa está quase cheia, e o jogador de futebol posa para fotos. sorri, troca algumas palavras em castellano bem falado, dança forró con la chica más hermosa e canta acompanhando as músicas que descambam da bossa ao funk. prefere paris a barcelona, mas diz que é feliz na sua castelldefels. sai do jogo no final do segundo tempo, deixando mais espaço para o final da festa. antes de ir embora, faço as vezes de fotógrafa: é sempre um show entre amigos. deço a cidade sem pressa porque em casa me esperam meus beijos e meus carinhos (porque são os dele) e uma nectarina antes de dormir.
mantenho os olhos abertos: minha espinha se faz mais hereta e o coração está quase tranqüilo. falta muito e falta pouco (fazendo as contas, falta nada).