sale el sol por la mañana
por la mañana sale el sol
por la tarde los borrachos
y por la noche el rousinyol
manhã de sábado, oito e algo. uma batucada de escola de samba em fase de primeiros ensaios invade o quarto. levantar é inevitável: olho pela janela, como todos os vizinhos, muitos literalmente em pelotas: a impressão é que começou o carnaval. mas estamos em maio e a festa que se comemora é a páscoa de pentecostes, ou páscoa granada como descubro num cartaz pegado na entrada do prédio: gran festa dels cors de la barceloneta - celebració de la páscua granada organizada por la coordinadora dáctivitats corals. lá no terceiro parágrafo do cartaz está avisado: sáconsella utilizar el transport públic perquè el barri de la Barceloneta es tancarà al trànsit de vehicles el dissabte 29 de maig, entre las 8:00 i les 17:00, i el dilluns 31 de maig, entre les 12:00 e les 24:00.
saímos al carrer: a comprar pan e inevitavelmente entrar na folia. pergunto o que aocntece a uma velinha que está olhando a farra na praça da igreja e descubro a lógica da festa:
- eles vêm, cantam e bebem, e depois vão de viagem. voltam na segunda-feira cheios de coisas. e aí cantam e bebem outra vez.
é, eu também não entendi muito bem. mas ao meio dia vejo os ônibus de turismo se enchendo de homens vestidos todos iguais, tipo bloco de carnaval. já não eram mais as fantasias de turista americano ou malandro caribeño, nem levavam para os ônibus os adornos: machados, estandartes, enchadas, remos - tudo de mentira, adornos de carnaval, se é que me explico na minha própria língua. pois assim entravam todos nos ônibus, indo de viagem. entendi que era uma festa masculina, e que quando surgiu há 170 anos devia ser um pouco diferente: a viagem devia ser em coche de boi, ou em barco ou então a pé mesmo, até a cidade: a barceloneta era então uma cidade fora das muralhas e até hoje tem gente que diz "vou até a cidade" quando vão até as ramblas, que estão a 10 minutos a pé. voltando à festa: é primordialmente masculina e secular, e as mulheres e a bandeira do brasil começam a "invadir". O mesmo se pode dizer da música: o hit, pelo menos na parada que tínhamos na frente do maristany, foi "pergunte ao joão, ele sabe a morada, ele sabe a picada, para o meu barracão", mas se ouviam também o "pega no ganzê" e "aquarela do brasil". num delírio, cheguei a ouvir um mamãe eu quero. mas acho que foi só delírio.
a entrada das mulheres nas associaciões de corais humorísticos (ach) tem duas, let´s say, vertentes: uma são as novs gerações nos corais mais consolidados, como o do rousinyol, desde 1927; outra´são as ACHF, que acrescentam o adjetivo "femeninos" aos corais humorísticos e são só de dones. não vi nenhum ônibus das achf saindo de viagem, o que me fez concluir também que essa festa pode ter sido criada pelas mulheres, que organizavam excursões pros maridos deixarem a casa livre por um final de semana e ainda voltarem na segunda cheios de presentes. sim, a festa termina numa segunda, feriado, passada meia noite, com fogos de artifício jorrando das bandeirolas. como se fosse chuva de água e não de fogo, o povo passa por baixo. dizem que exorcisa. y de hecho algumas ruas parecem locais de ritual: esfumaçadas, vermelhas e com batucada.
a bandeira e a música brasileira são capítulo à parte: estão por tudo, sempre, e não poderiam faltar ao carnaval mais autêntico que vi nessa cidade. e sem direito a quarta-feira de cinzas. que carlinhos brown que nada!