Brasil pode ter tecnologia na nacional na TV Digital O Brasil tem condições tecnológicas plenas “para propor um padrão de TV Digital exclusivamente nacional no prazo médio de um ano.” A garantia é do professor do Laboratório de Sistemas Integráveis (LSI) da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (USP), Marcelo Zuffo, entrevistado em junho pelo site Agência USP de Notícias. Ele é responsável pelo projeto que pretende concluir ainda esse ano "um protótipo de receptor de TV Digital Universal, que poderá operar de maneira independente da modulação do sinal". Batizado de "Set-Top-Box Digital", o decodificador "terá condições de ser adaptado em qualquer sistema de TV Digital que venha a ser implantado no Brasil." Mais: foi desenvolvido "a um custo de cerca de R$ 30" - para se ter uma idéia, esses aparelhos custam entre "US$ 150 a US$ 800 no exterior" - e vai ser montado "com condições de acessar a internet e possibilitando a convergência de sistemas, ou seja, poderá ser conectado a um telefone fixo ou celular."
As informações estão detalhadas na edição de hoje do informativo do portal Acessocom, que também traz à tona outra polêmica sobre o tema: em maio deste ano, “uma delegação chinesa esteve no Brasil oferecendo parceria no desenvolvimento da tecnologia que o país, até agora, se dispõe a comprar, por um alto preço, dos Estados Unidos, da Europa ou do Japão.” A tecnologia chinesa vem sendo desenvolvida desde 1996 e, recentemente, se transformou no calcanhar de aquiles da indústria norte-americana. Graças anúncio chinês a respeito de sua Digital Multimedia Broadcast (DMB), o Congresso dos Estados Unidos decidiu, no início de agosto, obrigar os fabricantes de aparelhos de TV daquele país a chegarem em 2007 produzindo apenas televisores adaptados à tecnologia digital norte-americana.
Apesar da aparente pressão, porém, os chineses "ainda não possuem um cronograma para o início comercial de suas transmissões”, que só será formatado e anunciado depois que o país definir o padrão a ser utilizado – coisa que deve acontecer no ano que vem. De qualquer forma, “em 10 anos, a China deve introduzir no mercado 350 milhões de aparelhos para recepção digital."
Enquanto isso, lembra o Acessocom, e “ignorando as manifestações que surgem na comunidade científica brasileira e de um potencial parceiro comercial do porte da China, o governo federal está tocando seu calendário” e deverá anunciar a política da TV Digital no início de setembro. Para o professor Zuffo, da Usp, a escolha de um padrão de TV Digital poderia ser "adiada e melhor discutida". Afinal, lembra ele, "trata-se de uma escolha que terá impacto nos próximos 30 anos e, além disso, será uma decisão geopolítica." Em termos de mercado, Zuffo aposta que "é perfeitamente viável um país que possui 54 milhões de aparelhos de TV como o Brasil propor um padrão com tecnologia própria.” Melhor: cobrando - e não pagando - royalties sobre o uso da tecnologia.