artigo de jorge de cunha lima pelo acessocom: "Em está em curso um "processo de destruição da cabeça do brasileiro, mais nocivo do que a inflação e com muito mais riscos do que a instabilidade política e financeira". Quem sinaliza é o presidente da Fundação Padre Anchieta, jornalista Jorge da Cunha Lima. Em artigo para a "Folha de São Paulo", ele atribui à escolha da sociedade brasileira por deslocar da escola pública e dos lares para a televisão o "centro da formação moral e psicológica da criança" o presságio de um futuro nada promissor. "Para 150 milhões de brasileiros, a televisão, sobretudo a comercial, gratuita e aberta, tornou-se a fonte de inspiração do gosto, da sexualidade, da violência, da sensibilidade, dos hábitos, dos desejos e do consumo", sintetiza o jornalista ao alertar para o "naufrágio da ética". Em ano de eleições, frisa Cunha Lima, este quadro poderá fazer com que o pleito de 2002 entre para a história "como o maior espetáculo de incoerência e desorientação praticado após a democratização". Segundo ele, por parte de candidatos e siglas partidárias não há fidelidade a idéias, mas ao mercado. "Os quadros eleitorais são cubistas: olhar de um, nariz de outro e o cérebro do Ibope", define. Pulverizações éticas e morais, "sobretudo das elites, é que impossibilitam uma nação de se situar diante das crises", afirma o jornalista. A ruptura com a "dependência universal" a esse meio de comunicação, ao qual foi atrelado o desenvolvimento de um País, poderia começar antes do sufrágio de outubro. Para Cunha Lima, a lógica da televisão não pode mais ser a lógica do Brasil."