a culpa é do cromossomo 19 tomou doril, a dor não sumiu? é sério, você pode estar doente. geralmente não é nada grave – mas é muito, muito, muito desagradável. a ponto de não dar vontade de fazer mais nada a não ser ficar trancado num quartinho escuro em silêncio absoluto. outra solução seria arrancar a cabeça fora. se coisas parecidas ou piores passam pela sua cabeça, bem vindo ao mundo das cefaléias! em 80% dos casos, o diagnóstico é dor de cabeça tensional, mas pode ser uma enxaqueca ou uma dor de cabeça em salvas, todas elas consideradas doenças, sim senhor. dos 13 tipos de dores de cabeça definidos pela sociedade internacional da cefaléia, essas três se caracterizam como cefaléias primárias, ou seja, não estão relacionados a nenhum outro problema do organismo, tipo digestão ou fígado. de um modo geral, atingem mais as mulheres – 18% da população feminina sofre com dor de cabeça – do que os homens – em média, 7% deles se queixam. “até a adolescência, a incidência é igual em meninos e meninas. depois, as mulheres disparam na frente”, revela a neurologista liselotte menke barea, doutora em farmacologia das cefaléias. o motivo, adianta ela, não se resume à alteração hormonal que culmina na menstruação – ou menarca, pra usar um termo técnico. “há fatores genéticos de predisposição à dor que são ativados na base do cérebro com essa alteração hormonal,” explica liselotte, que é chefe do centro de tratamento da dor de cabeça da santa casa de porto alegre, onde funciona um setor de emergência para atender pacientes com crises. “essa é outra característica da doença: ela se dá em ciclos de crises, o que costuma dificultar o tratamento.” pulando de um medicamento para o outro, o doente não sabe que pode estar contribuindo para piorar sua dor. um sinal de alerta, segundo os especialistas, é o uso de três comprimidos por mais de duas vezes na semana. “a dor de cabeça tem tratamento, mas cada caso é um caso,” explica liselotte. o diagnóstico costuma ser clínico – ou seja, não se identifica uma enxaqueca através de exame – e, como qualquer doença, merece tratamento médico. para as mulheres, um alívio: a incidência de dores de cabeça cai com a menopausa. a partir dos 44 anos, a doença atinge 3% delas.
em crise? considerado um dos principais especialistas brasileiros no assunto, o doutor abouch valenty krymchantowski lembra que “os atendimentos de emergência visam avaliar e tratar as crises agudas de dor de cabeça e não apenas dar injeções paliativas de analgésicos e atendimentos desvinculados de qualidade e especialização.” ele dirige uma clínica no rio de janeiro e mantém um site na internet, dordecabeca.com.br. além de informações e relatos sobre a doença, também está disponível ali uma lista de endereços de especialistas indicados por ele em diversos estados brasileiros.
o rio grande do sul, que não está na lista do dr abouch, conta com um centro de atendimento de emergência da dor de cabeça na santa casa de porto alegre. coordenado pela doutora liselotte menke barea, o centro será oficialmente inaugurado no início de julho. infelizmente, o atendimento não é gratuito: apenas particulares ou portadores de convênios privados têm acesso.
ps: pra quem ainda ficou em dúvida, sim, eu sou uma garota enxaqueca.